sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Tinha-me Enganado no Blog e Não Publiquei Este Texto

Mysen, 20 Fevereiro 2008, 21h52

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Sinto o badalar constante de uma ideia que não me tem largado, entrando na minha mente sem querer sair. Por vezes sai, por uns minutos, mas só depois de ter pensado nela, fazer planos em cima do joelho, imaginar como seria. O gatilho foi accionado, como disse, ao ver aquela palavra… Brunei. Não que o Brunei seja o meu destino de sonho, mas é lá… longe. Fica na ideia o voluntariado de 2 meses na Índia. E a cada dia que passa mais certo estou que o vou fazer. Só ainda não me candidatei porque ainda faltam uns meses, e quero ver como isto corre, e que perspectivas terei a médio prazo. Vou chegar a Portugal com dinheiro suficiente para o fazer, concerteza. Chegava, passava Agosto, e ia Setembro e Outubro para a Índia, fazer voluntariado num orfanato. Ia-me dar mais uma experiência eventualmente espectacular, não só a nível pessoal como profissional, abrir mais os horizontes, experienciar as dificuldades que outros povos passam e como as ultrapassam… e no final, era sempre algo de diferente e novo para o currículo. Nunca me perdoaria se ficasse em Portugal 2, 3, 4 meses, sentado no computador a enviar alguns currículos, a ir tomar café ao sombrinha e ao fluvial, a ver a FOX, e não sair do sítio… ver os dias, as semanas, passar, e pensar que poderia ter seguido um sonho e fiquei! E agora que escrevo, entusiasmo-me! Sigur Rós (Starálfur) ajuda, mas ler-me, ver em palavras escritas, diante de mim, o que pela minha mente vai deixa-me com a vontade de confirmar, de dizer “Sim, vou!” – e sei que uma vez dizendo isso, o mais provável é ir mesmo. Por isso tenho pensado tanto… Sei que se não for agora, o mais provável é não ir mais. Começa-se a trabalhar, vai-se perdendo vigor com o passar dos anos, acho eu, e depois as férias são meros períodos de 2 ou 3 semanas… Quando me contam as estórias, eu quero estar lá. Sinto-me ser chamado. F*da-se, vamos ver…

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Hoje fui à Ostfold Klinic. Adorei! Fomos visitar um paciente que entrará amanhã. O objectivo vai na linha da motivação, conversar, explicar o que se vai passar, quando o vamos buscar (no caso, amanhã), entre outros assuntos. Gostei muito por várias razões. Primeiro, o futuro residente é um homem de 31 anos Islandês que achei uma pessoa muito interessante. Não sei se não terá sido a minha avidez de contacto (psicológico) que fez com que bebesse cada palavra sua, e que me ouvisse falar com ele duma forma de que já tinha saudades… É que a… consulta, entrevista, seja o que for… foi, na maioria em inglês. E isso deixou-me naquela posição espectacular de tudo perceber, e de poder contribuir sobejamente. Senti-me várias vezes a acertar em cheio, e foi uma hora muito construtiva. Porém, apesar de o ter achado muito interessante, acho que vai ser um caso complicado na CT. Parece-me alguém que pensa em tudo, que questiona tudo, mas não da forma balofa e fácil, mas duma perspectiva super negativista, comum a muitos toxicodependentes. Falou de pormenores como o seu (ex) cabelo comprido, onde depositava toda a sua maneira de ser, que tinha perdido ao cortar… Ao que respondi perguntando se não estaria à procura de si próprio no local errado. Ouvi-lo a falar da relação que tinha como seu cabelo comprido, e como o tinha comprido apenas porque toda a gente queria que ele o cortasse foi algo quase surreal. O negativismo, que o leva a não tentar fazer nada, pois “sabe” que vai errar também me pareceu das características mais massacrantes em si. A dada altura devolvo-lhe o que ele próprio tinha dito perguntando porque é que em vez de ter dito “And when it goies wrong, who do I blame??” (Tn disse que se deveria culpar apenas a si próprio), em vez de dizer “And if it goes wrong, who do I blame??” – de certa forma isto é um bocado bêábá (é assim que se escreve), mas estar preparado para o pior, nada mais é que um processo defensivo, que nos prepara, e faz com que nos magoemos menos. Contudo, tão certos de que vamos errar, fazemos as coisas para que assim aconteça, dentro do nosso controlo, e sabendo como agir caso corra mal. Boicotamo-nos a nós próprios, pois dar-se ao luxo de tentar não-errar é uma espécie de jogar em território inimigo, que podemos atravessar sem problemas, ou então… pisar uma mina…

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Amanhã vamos buscá-lo.

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Não sei se irei sempre descrever com precisão o que faço, pois há certas coisas que não mudam muito, como a reunião matinal, a reunião de equipa a seguir a esta, o jantar, seguido das seriezinhas, etc. Se entretanto mudar de ideias, notar-se-á.

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São 22h25, e preparo-me para deixar de escrever. Os meus romances têm saudades minhas, sendo que não lhes toco há cerca de 2 dias.

22h26

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