segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Primeiro Fim-de-Semana

Mysen, 3 Fevereiro 08, 22h19

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Engraçado como o nosso corpo se adapta. Há uns minutos atrás, vinha do meu escritório para o quarto, vinha de t-shirt, e pensei: “Está quentinho hoje!”. Por mera curiosidade, voltei atrás e fui ver a temperatura. Estava um pequeno grau, suficiente para nos enregelar quando em terras lusas…

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Este foi o primeiro fim-de-semana que passei aqui. O primeiro não de muitos, certamente. Apesar de, na semana passada, ter chegado num Sábado de tarde, não posso dizer que foi o meu primeiro fim-de-semana, porque apesar de já cá estar, continuava a chegar, aos poucos. Esta semana passou. Ia dizer que passou num ápice, mas não sei. Lembro-me de muitas coisas, fiz algumas coisas diferentes, já referidas, e isso faz-me pensar que foi longa. Mas desde sempre achei que o tempo apenas passa devagar enquanto está a passar… quando já passou, passou sempre depressa. Pelo menos na modesta opinião deste novo “Noruego”…

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Pensei em ir dar uma volta, mas, nem sei bem porquê, não só quis, como efectivamente me apeteceu (é diferente) ficar. Ainda dei uma olhada às povoações vizinhas, já que em Mysen não se passa nada, mas acabei por decidir ficar. Assim, ontem aproveitei para ajustar contas com os lençóis, que me perguntavam vez por vez quando os abraçava por mais que 6 horas. Fiz a vontade, não só ontem, como hoje, e acordei por volta das 11h nos dois dias. A tarde de Sábado foi passada no escritório, ora a ler, ora a pesquisar na net, ora simplesmente a conversar. Ao Sábado o jantar, ao invés de ser na sala habitual (pegada à cozinha), é na sala de convívio. Gostei. Fizeram toneladas de pizza. Gostei, mas tenho ficado todos os dias com aquela sensação na boca de “quente”, mais ao menos o que se sente passado meia hora de comer no Mac. Não sei que põem na comida… A comida… não desagrada, mas não adoro. Não por culpa dos residentes cozinheiros, estes confeccionam-na bem, mas não é raro ter uns ingredientes estranhos que fazem meus olhos arregalar… de surpresa. Comem muitos vegetais, o que é bom. Mas o melhor que fazem aqui, para mim, é sopa. Pouco depois de chegar comi uma sopa de peixe fantástica. Noutro dia comi uma sopa que me fazia parecer estar a comer creme de lasanha, mas sem ser enjoativo. É curioso, pois na Finlândia, o melhor que comia era sopa de cogumelos. Interessante o tema, não?! Para concluir, no que diz respeito à comida, uma curiosidade: não usam guardanapos. Ao início estranhei, mas já me habituei a ter… cuidado.

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Uma hora e qualquer coisa depois do jantar, reunimo-nos na sala de convívio para ver o Hora de Ponta 3. Com o espírito aberto, dá para rir e não desgostar.

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Hoje, depois do almoço, passei parte da tarde no escritório. Procurava o futuro. Mandei um par de currículos para Portugal, e encontrei um site com um sem número de ofertas para voluntariados em países de terceiro mundo. Sempre me fascinou esta chance. Acho que falamos muito em ajudar, mas no fundo acabamos por ficar no nosso canto, na maioria das vezes, fechando os olhos para o que se passa. Claro que, não quero ser hipócrita, se me oferecessem um lugar em Portugal como psicólogo, veria esta oportunidade como uma prioridade. Naturalmente, acho eu. Encontrei vários projectos interessantes, alguns pagos (numa média de 700 euros por mês), em países como a Índia, África do Sul, Gana, Camarões, Quénia, Uganda, etc. Porque não? Ficou em mim o bichinho. Concorri também para um lugar em Inglaterra. Havia 106 posições, mas o processo de candidatura é deveras moroso, pelo que pensei em concorrer a um por dia, de hoje em diante. Há cerca de uma hora, quando já iniciava o processo bisgarôlhico, fruto de tantas oras frente ao ecrã do computador, recebi um mail da EFTC (European Federation of TCs) onde vinha anexado uma entrevista com uns professores responsáveis por um novo mestrado a começar em Setembro, na Suécia. Não me lembro do nome, mas era relacionado com cuidados, treino e conhecimento de como fazer, no domínio dos, como diz no meu livro brasileiro de TCs, usuários abusivos de substâncias… a primeira vez que li, não consegui deixar de me rir. Ok, drogados é foleiro. Toxicodependentes é mais apropriado. Agora usuários abusivos de substâncias? Qualquer dia é pessoas que são porreiras, como qualquer outra, mas desenvolveram um problemazito com substâncias que não assim muito legais…

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A meio da tarde, o 1 disse que eles estavam no pavilhão(zinho) a jogar à bola (não era só futebol). Peguei no meu livro sobre Gestalt e para lá me dirigi. No início jogavam andebol, mas depois começaram a jogar a uma espécie de burro, com a diferença que quem perdia era logo eliminado. Juntei-me à festa. No final, quem tinha perdido encostava-se à parede, dobrado, com o cu ao alto, esperando o remate do vencedor. Uma vez saiu-me a fava. Tive de abandonar, porque a dada altura, a dar toques com o joelho, senti algo interessante… interessantíssimo… como se me tivessem espetado uma faca no ventre do lado direito. Mal conseguia, quando sentado, levantar a perna direita. Questionei-me se seria possível ser operado duas vezes ao apêndice… Agora está melhor, mas não consigo, por exemplo, contrair os abdominais sem me doer. Pais: caso estejam a ler isto, não se preocupem, amanhã já está perfeito.

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E por falar em amanhã… Espero amanhã alinhavar melhor o meu plano de trabalhos com T1, caso esteja recuperado. Quero, também, ir ao centro, em busca de uma escola de línguas para me informar se posso começar a ter aulas. Também quero começar a fazer taekwondo. Um residente mais velho faz, e disse-me ser 1100 NOK (137.5€) por 6 meses, 3 vezes por semana, 2h. Não é caro.

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Hoje, como a temperatura subiu, a chuva tomou o lugar da neve. Não me consigo decidir… quando vejo a neve a fraquejar, quando vejo uns buracos de outra cor que não branco, no meio dum vasto lençol da mesma cor, quero que fique. Quando está em pleno, quero que vá. Vou tentar decidir-me neste preciso instante…. Fica mais um bocadinho.

22h49


1 comentário:

pedro disse...

sem duvida nenhuma aqui está um exemplo de um bom diário :)