My Way or The Norway!

Mysen, 6 Fevereiro 08, 21h30

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Estou a ver Portugal-Itália numa janela aqui ao lado do Word. Paguei 10 euros por um ano, e cheguei a arrepender-me, mas lá atinei com isto. O tamanho não é o melhor que podia ser, mas dá para ver bem, sem pausas, e a Liga dos Campeões está aí à porta…

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Hoje acordei cedo. Eram 8h15 já estava pronto. Por isso mesmo, fiz parte da reunião matinal. Gosto do sistema. É uma reunião orientada, nitidamente, para o bom ambiente e para começar o dia com boa disposição. Os comentários feitos por parte duns residentes em relação a outros são essencialmente positivos e há sempre aquelas situações engraçadas das representações. Após a leitura do horóscopo do dia, da previsão do tempo e da citação, 3 residentes, um de cada vez, e não sei bem porquê esses em particular (não percebi) vão ao centro, tiram um papel duma caixa, e têm de interpretar o que é sugerido. Tivemos um Tarzan, um residente a tocar e interpretar “I’m too sexy for my shirt, etc” e uma qualquer canção em norueguês. Devo admitir que funciona. Não percebi a maioria das piadas, mas ainda assim ria, não duma forma falsa, mas simplesmente porque por vezes o riso dos outros, só por si, entra em nós. E por isso mesmo, acabamos por sair bem dispostos da reunião.

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Depois destes momentos, e para acabar com a reunião, os residentes dividiram-se em grupos de 6, onde havia um com um caderno com uma fichas, prestes a ser preenchidas. As perguntas eram as seguintes:

▪ Higiene (se tomou banho, fez a barba, etc)

▪ Consultas (no médico, dentista, etc)

▪ Dores físicas

▪ Psicológico (como se sente, se tem algum problema, etc)

▪ Outros

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Depois desta reunião, encontro T1 na sala de administração, que me diz que a nossa reunião é às 10h30. Fico, portanto, essa hora na sala a ler um bocado. Contudo, quando chego, pergunta-me, com um sorriso: “Então, decidiste aparecer?” – pelos vistos tinha-me dito 9h30. Não houve problema nenhum claro, mas pareceu-me mesmo que tinha dito 10h30, e admitiu ser possível. Mais tarde, quando perguntei a que horas nos encontraríamos hoje, diz 9h30, mas que estava quase a dizer 10h30, pelo que admite a possibilidade de realmente se ter enganado. Nessa reunião, com T2 e T3, falamos do processo de entrada na CT, processo do qual estas estão também encarregues, sob a alçada de T1. Falam-me da entrevista de motivação, e das técnicas que usam para motivar o residente. Pareceram-me interessantes e precisas, pelo que pedi alguma bibliografia sobre o assunto em inglês, que já possuo. Explicaram-me ainda que há uma lei na Noruega, o “parágrafo 12” segundo o qual, caso os crimes cometidos por alguém tenham na sua base o uso de drogas, o governo pode, em caso de, por exemplo, condenar a pessoa a 3 anos de prisão, dar a hipótese do último ano ser de tratamento. Isto ou ainda, por exemplo, uma pessoa ser condenada a 2 anos, mas ter a alternativa de fazer um tratamento em vez disto! De seguida reuni-me com T2 no seu escritório, e falamos de todo o processo com mais detalhe. Aparentemente o estado paga à CT cerca de 5 mil euros por residente!

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Depois do almoço estive com T1 no seu escritório, onde falamos da importância do ASI. Depois do preenchimento deste questionário, o mesmo é analisado em detalhe, e é feito um plano de tratamento individual para cada residente. O que me diz é que com o passar do tempo essa necessidade de um tratamento específico em alguns pormenores para os residentes acaba por por vezes ser esquecido, e é isso que vamos tentar melhorar. Falamos ainda das visitas dos familiares à CT. Estes podem receber visitas ao fim-de-semana, de quinze em quinze dias (ou de catorze em catorze, como dizem aqui), e a primeira vez é logo nos primeiros quinze dias, geralmente. Em relação às visitas dos residentes a sua própria casa, a primeira vez acontece por volta da altura do terceiro mês, e o residente vai acompanhado por um residente mais velho. Não são tão frequentes como na CTAI.

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Quando pergunto o que fazem caso um residente chegue e diga que consumiu nesse fim-de-semana, diz-me que depende de factores como a circunstância em que ocorreu, quanto, quantas vezes, com quem, entre outros factores. Na medida em que cada residente está ali por si mesmo, não é fácil serem expulsos, acontecendo isto em situações como o residente consumir e levar outros a fazer o mesmo.

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Tivemos, posteriormente, uma reunião geral de Staff. Mais uma vez, o ambiente informal está presente, com os bolos e café. Já agora, por falar em café… estou a sofrer os efeitos deste país ser o número um a consumir café. Eles bebem isto como quem bebe água! Contudo, não me parece muito forte, não só pelo sabor, mas porque tenho tomado uns 6 ou 7 por dia e nem me sinto com “tremeliques” nem tenho dificuldade em adormecer. Como dizia, na reunião estava presente esse ambiente informal, que é, a dada altura, substituído pelo formal. Após meia hora de Norueguês, a maior parte do pessoal vai lá fora fumar um cigarro e T2 dá-me o briefing, dizendo que tinham estado a falar do que fazer em caso de incêndio e outras coisas que tais. Quando voltaram estiveram a decidir, por votação, quem tomaria o lugar de um elemento que se ia despedir. Curiosamente, houve um empate a 6 votos, e ficaram um pouco sem saber o que fazer. Uma das pessoas envolvidas na votação não estava presente. Se tivesse teria, naturalmente votado em si, e ganho. Mas como não estava… não estava. Resolveram ir ver a lei.

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Sobre incêndios… T1 diz-me, a uma qualquer altura do dia, para caso decida, em qualquer momento, ir ao centro, para avisar. Porquê? Caso haja um incêndio, saberem que não estou lá e não se preocuparem comigo. Digo-lhe “Esse pensamento é completamente nórdico!!” – concorda.

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Enviei 8 currículos para outras tantas ofertas de trabalho em Inglaterra. Preferia ganhar menos e trabalhar em Portugal, mas se por algum acaso agarrasse alguma dessas posições, não ficava pobre, isso é certo…

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Não me apetece muito escrever hoje…