quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Mysen, 21 Fevereiro 2008, 18h09

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Hoje estou a sentir-me um bocado destruído. Talvez a acusar o final de semana, mas foi daqueles dias em que se me deitasse não seria difícil adormecer. Detesto este sentir sono o dia todo. Tomei uns 10 cafés, mas não ajudou grande coisa.

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De manhã ia buscar o islandês com Tn. Estava preparado para sair, quando esta me diz que recebeu um telefonema do infantário do seu filho, que estava doente, e que por isso não podia ir. Perante tal informação, disse que poderia ir sozinho. Após alguma dúvida, assim foi. Chamaram um residente do grupo “orienteering-out”, entregaram-me o GPS e as chaves do carro, e lá fomos. Correu tudo sem problemas. Uma hora para lá, outra para cá.

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Hoje desistiu mais um residente. A taxa de sucesso dos residentes que acabam o programa ronda os 70%, o que é espectacular, mas parece-me que outro grande desafio está em manter os residentes no programa. Senti um bocado a sua partida. Não porque tivéssemos uma relação brilhante, mas porque gostava dele, e ia-o conhecendo melhor. Por acaso, ontem estávamos a jantar, e ele fez-me uma pergunta, que apesar de óbvia, nunca ma tinham feita nestes moldes, tão específico. Por isso nunca tinha respondido…

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- So… how come you are so interested with drug-addicts?... – pergunta-me. Permaneço calado uns segundos, a pensar, de mim para mim… sim, porquê?

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- Well I don’t know… I think it is because I look at you as good people, who need help… that have done some mistakes in the past, but don’t need to carry them forever… most people think of drug-addicts as a problem, and I hate that! I think of you as normal people, WITH a problem! – ele ficou calado uns segundos, e diz que foi uma boa resposta. O meu comentário foi dizer que tinha sido apenas honesta. E foi. Tanto para ele, como para mim. Já tinha pensado nisto, mas mais pensando porque gostava de CTs, não pensando tanto em porque gostava de trabalhar com toxicodependentes…

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E pronto. Tal como o outro residente que desistiu, num momento estou a falar com ele, digo “até amanhã”, e no outro dizem-me que desistiu…

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É estranho o sentimento de achar que nunca mais vamos ver determinada pessoa na VIDA. Ainda que não seja alguém a quem estamos muito ligados, nunca pensamos nisso, pensamos sempre “havemos de nos encontrar, até à próxima!”… descobri, ou pensei nisto há uns tempos, não muito distantes, e desde então, sempre que conheço alguém em viagem, na maioria das vezes desejo, mesmo “Have a good LIFE!” – e esta consciência como que faz com que não seja tão estranha a ideia de saber que nunca mais vamos ver essa pessoa…

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Não me apetece escrever muito mais hoje. Se bem que agora me sinto com menos sono! Curioso!

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Ah! Aqui há tempos referi ao orientador o CouchSurf, e não sei se referi aqui a ideia que surgiu a partir daí… Ele achou interessante o conceito, e disse que sempre que viaja, faz por conhecer uma CT, e que muitas vezes as pessoas lhe dizem que gostavam de conhecer a sua, de viajar mais, mas nem sempre têm dinheiro… O que ele disse que seria interessante era criar uma rede de residentes (limpos), ou de pessoal do staff, tornado assim possível a mobilidade barata, e o conhecimento de CTs Europa fora. Eu apanhei a dica, segui e fiz hoje o alinhamento geral da ideia, e enviei-lhe, ao que ele respondeu dizendo que estava “simply great” J É, realmente, uma boa ideia, especialmente criando eu um grupo no CS, onde se podem inserir as pessoas ligadas a CTs e a partir daí criar toda uma rede de mobilidade.

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Bem, até amanhã, caros amigos… pois… amanhã não devo escrever. Vou para Oslo, se tudo correr bem…

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