My Way or The Norway!

Mysen, 15 Fevereiro 2008, 21h43

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Pois é, caros amigos, o fim-de-semana está aí à porta… Que fazer? Bem, eu decidi que vou ficar por cá. Gastei muito dinheiro no fim-de-semana anterior, e os serviços financeiros da minha Universidade teve a gentileza de ainda não me ter pago… Lá para dia 26.

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Falando em dinheiro, tive hoje um desgosto. Pensando bem, a única coisa que o dinheiro tem a ver com o assunto é que não seria um problema. A questão é que recebi hoje um mail do Couchsurf a avisar da festa do primeiro aniversário do grupo de Oslo. Tudo indicava que seria espectacular, demais, mas olhava para a data, fazia as contas de cabeça, e algo não batia certo. Talvez fosse eu que não queria acreditar. Facto é que fui ver, e confirmava-se, era numa Terça!! Numa Terça! Ainda pensei que podia ir na Terça e vir Quarta de manhã… mas nestas festas bebe-se sempre uns copos, e a minha consciência falou, e disse-me: “Não vai dar Peter!”. É que a última coisa que queria era aparecer aqui com odores suspeitos… Enfim.

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Bem vou começar a nomear os Ts por T e uma letra. Mais fácil. Hoje de manhã fui com Tn a Askim, uma cidade aqui ao lado. Lá, requisitei na biblioteca mais um curso de Norueguês, constituído por dois livros e 4 cassetes! Qual cd qual carapuça! Efectivamente… algo que me deixa, digamos, com um sorriso trocista nos lábios. É que o livro que tenho “Teach Yourself Nr” é de 1943! Pois o que requisitei hoje diz-me, escrito nas cassetes… 1964! Confesso que me parti a rir. Mas quê, o pessoal depois dos anos 60 deixou de querer aprender Norueguês?! Sou o pioneiro do novo século! Claro que estou em vantagem, pois vou aprender o Norueguês antigo, vou falar como os poetas, com sotaque estrangeiro. Resultado: charme total!

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Quando chegamos tive duas reuniões com Ts e dois futuros residentes. Nas reuniões, foi explicado a estes o funcionamento da CT, assim como um tour à mesma instituição. O que acontece é que um desses dois meninos tinha ido curtir na noite anterior, e emanava um certo cheiro a álcool, razão pela qual o seu tour não aconteceu. Era inapropriado algum dos residentes sentir esse aroma e começar a sentir o “craving”. Ok, faz sentido.

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Depois do almoço tivemos a reunião de casa. Mais uma vez devo frisar este aspecto que me encanta, que é a informalidade vs formalidade nestes ambientes. O chá, o café e o bolo estavam lá, prontos a aterrar nos pratos e canecas que se espalhavam pelas mesas. A conversa acontecia, mas tudo se calava quando alguém pedia atenção e dizia o que sentia. Tn disse que estava contente porque tinha recuperado em 4 meses duma perna partida que lhe tinham dito que ia demorar 1 ano, alguns utentes diziam que se sentiam bem pois estava há X meses na casa, outros diziam que tinham marcado entrevista para passar de fase, etc. Toda a gente dá o incentivo e por vezes batem palmas. Outro aspecto curioso é o facto de ser absolutamente proibido falar de trabalho. Por exemplo: se eu, residente X, me esqueci de lavar a louça e o responsável pela cozinha está sentado mesmo ao meu lado, não lhe digo. O momento é de descontracção. Todavia, temas sérios são abordados, se necessário. A dada altura Tr (o mais frequente T1) toma a palavra e fala uns 20 minutos, abordando, pelo que foi dito, algumas questões da filosofia da casa. Terminou com uma anedota, contada em inglês.

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Depois da reunião… Correr! Nunca me tinha sentido assim, acho. Isto é, havia vezes em que me custava ir correr, mas achava que devia, e no fim, sempre, gostava. Outras vezes até me sentia com vontade. Mas sentir-me ansioso, no bom sentido, por ir correr, foi um sentimento que, com agrado, vi nascer dentro de mim. Fui correr, e mais uma vez adorei. No final, fiz outra vez a “dança do estúpido”, coisa que me agrada sobremaneira, e que vou começar a tomar como ritual de final de corrida. É que é tão libertador! Sinto a energia viajar nas minhas veias, o coração bater pelo corpo todo, a música a entrar-me directamente na mente! E outra coisa que não costumava sentir… quando acabei, queria ir outra vez! E tinha energia para isso! Porém, a hora de jantar cumprimentava-me a poucos minutos de distância.

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Conhecendo-me como conheço, não seria completamente de espantar se tivesse esta VIDA de corredor durante uma semanita e depois começasse a perder o interesse. Contudo, não sei se este lado se aplicaria neste caso, pois é um domínio diferente. Falo de coisas como comprar uma viola, aprender sozinho tudo o que posso numa semana e depois nunca mais lhe tocar… coisas assim.

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Estou a divagar um bocado, e o diário está a ser mais que um mero relatar de experiências. Mas não importo, e até me convido a fazê-lo sempre que me apetecer. No fundo, mais que uma descrição do que fazemos, é a maneira como o vivemos que mais diz de nós…

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Depois de correr, do jantar e das seriezinhas de televisão, sentei-me a ler o manual do ASI, esse instrumento que se está a revelar mais importante do que em tempos imaginei, pois é a partir deste que se estabelecem os planos de tratamento individuais. Durou pouco, pois comecei a falar com uma fiel leitora deste blog no MSN e permaneci no computador até agora. Pelo meio ainda enviei umas quantas candidaturas para Inglaterra. Só nos últimos 3 dias tinham quase 70 novas vagas para psicólogos! Claro que ser Inglês eventualmente será uma prioridade, apesar de nada o indicar.

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Pois é, amigos. São 22h07, e amanhã não tenho de acordar cedo! Antevejo um serão porreiro de escrita. E quem sabe um filme… Hoje conversava com Tn e pergunta-me se me encontrava, ainda que vez por vez, aborrecido. Acho que já disse isso aqui… o facto de gostar de escrever faz com que me seja difícil estar aborrecido! E não sou especial. Todos temos coisas que nos interessam, seja o que for. Acho que se uma pessoa se dedicar realmente a descobrir o que gosta mesmo (e seja grátis…) consegue ser, nem que seja só um bocadinho, mais feliz. Acho.

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E assim me vou.

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22h23