terça-feira, 11 de março de 2008

fotos abaixo

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Mysen, 11 Março 2008

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Estou sem vontade de escrever. Estou com algum sono, daquele que nos deixa mole! Não é bom. Sai um café!

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Ok, fui buscar um à Sala da Administração. O que me recorda que ainda não vos fiz uma visita guiada! Queria uma altura em que todos os residentes estivessem numa reunião qualquer, para não correr o risco de filmar um, mas normalmente, nas reuniões em que estão todos, eu também estou…

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Hoje de manhã, depois da reunião matinal e da reunião de equipa fui com Tn visitar Ana, uma futura residente. Está previsto que entre esta Quinta, mas a residente diz que prefere Segunda, porque está a tomar medicação, e fá-la sentir menos nervos e não sei quê… nada feito! Entra Quinta. Pelo menos é esse o plano. Quanto mais tempo na desintoxicação, mais tempo para pensar, para se lembrar das trips, para se aborrecer. Não sei se sabem, mas a droga tem esse encantamento incrível, que faz com que todos, mas todos os toxicodependentes tendam a, com o tempo, ter grandes dificuldades em se lembrar da merda por que passaram com esta substância, morrendo as más memórias e sobrevivendo as grandes festas e mocas que tiveram… complicado…

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Quando cheguei, já depois do almoço, estive a ler o TCC. É porreiro, e gostava de ter algum tipo de formação específica no assunto. Claro que aprende-se todos os dias estando imergido no ambiente, mas ter um curso mais formal também ensina, concerteza, muito. Por isso tenho vindo a procurar, dentro e fora de Portugal, pós-graduações e afins…

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Hoje quando fui correr, a dada altura, senti umas dores no ventre, e tive de parar. Foi bom, porque, enquanto esperava que as dores (que não eram atrozes) parassem, vejo, ao meu lado, o mato. Esse mato por onde passo quase todos os dias, mas onde nunca tinha entrado. Fascina-me o mato/floresta na Noruega. É denso, denso, denso… Das coisas que mais gosto de fazer quando viajo de carro é, simplesmente abrir os olhos, e pela janela ver a floresta, que de tão densa, quase não entra luz! E o chão… o chão é incrível! Coberto de musgo, como se caminhássemos num tapete verde… muito porreiro. E o que é engraçado, e que confirma que talvez seja mesmo algo específico de cá, essa característica dos matos/florestas, é que a capa dos meus livros de norueguês é precisamente a foto dum mato, por dentro. Um dia destes em que me sentia mais cansado abdico da corrida, transformo-a numa caminhada e tiro umas fotos…

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Depois de almoçar, embrulhava o papel de prata, e, estando a uns 3 metros do caixote do lixo, pergunto, na brincadeira, a Oliver quanto queria apostar que acertava. Não consegui deixar de reparar no seu entusiasmo! “Wait” – diz, em voz alta, e com um sorriso aberto diz para apostarmos 50 coroas! Disse que estava a brincar, e que não ia apostar dinheiro com ele, mas que podíamos apostar 10 flexões. Acertei. Porém, fiquei a pensar no seu entusiasmo. Posso estar a sobre-analisar, e ver sinais onde não existem, mas fiquei a pensar na ânsia que há de excitação… como Olswald, que me dizia, noutro dia, quando o fui buscar à desintoxicação, que nas lombas acelerava o máximo possível para sentir a adrenalina ao descer… São coisas que todos fazemos, mas uns fazem por fazer, outros fazem por precisar, talvez… ou então não tem nada a ver…

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Vasco ontem perguntou-me se hoje poderíamos ter Counselling. Disse que sim, claro, mas não sei se aparecerá. Sinto o rapaz como ambivalente, característica essa que também não é rara nesta população, e por isso não sei… Repare-se que não estou aqui num mero exercício de generalização, colocando toda a gente no mesmo saco. Simplesmente há características que são mais ou menos comuns a determinados tipos de população, seja de pessoas deprimidas que se fazem tantas vezes de vítimas, de toxicodependentes que são ambivalentes e buscam o que podem para sentir outras coisas, ou não sentir de todo, sejam obesos que afogam na comida as suas mágoas… coisas…

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Este tipo de cansaço deixa-me meio pensativo… Daquele tipo de sentimentos que nos fazem apreciar quando estamos efusivos e felizes. Não estou triste, mas talvez um pouco em baixo. É natural, e sei que não tenho com que me preocupar. Isto pois lembro-me, aqui há uns anos, largos anos, quando me sentia mais triste, não conseguia evitar pensar no que aconteceria se assim fosse para sempre! Não por, mesmo nessas alturas, me sentir muito triste (não gosto, como talvez já tenha dito, de dizer deprimido… não por “mania”, mas porque essa palavra é mal usada, creio), mas simplesmente… porque sim… Assim, quando acabar de escrever isto, vou acabar uma estória que comecei enquanto este texto criava, sobre um casal da amantes, cada um casado com outra pessoa, que estão a pensar na sua relação, num quarto de hotel em Oslo. Depois vou ver se começo a ler um livro que desencantei na Sala de Administração: “Motivational Interviewing”.

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Saudações escandinavas.

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