quarta-feira, 2 de abril de 2008

Mysen, 2 Abril 2008

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Hoje foi um dia diferente. Tal como ontem, os únicos técnicos na casa eram Th, Tc, Tj, e eu. Porém, se ontem comecei a aprender o trabalho de Th como Staff de estrutura na Expedition, hoje, tal como Th tinha prometido, fui eu quem geriu a casa, sob a sua supervisão. No início estava um bocado renitente, pois não só pensava que não estava bem a sério no dia anterior, como não sabia exactamente o que fazer. O papel passava por aferir com precisão o ambiente da casa, conversar com os líderes das diferentes secções acerca do ambiente dentro de cada uma e as melhores maneira de ultrapassar diferentes problemas e ter um controlo e conhecimento constante acerca do que se ia passando com os diferentes residentes. Da mesma forma, sempre que algum residente tem algum pedido, seja o que for, transmite-o ao líder dos residentes da Expedition, e este vem ao escritório e por sua vez transmite-o ao responsável. Tem de trazer igualmente consigo a sua opinião.

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- O Rui – por exemplo – diz que se sente doente e com dores e pediu para tomar um analgésico.

- Ok… Que é que achas? – pergunto.

- Ele parece realmente meio adoentado…

- Ok, fala com Tx e diz para irem ao armário dos medicamentos.

Este foi apenas um exemplo do tipo de coisas que podem pedir. No total, creio que Tiago veio com cerca de quinze pedidos.

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Hoje mais um residente abandonou a casa. Não senti tanto pois esta foi a pessoa mais calada que já conheci na minha VIDA, e por isso mesmo a nossa comunicação era limitada. O grupo sentiu-o, mas não sei até que ponto o sentiu como outras saídas. Quem sabe estão a ganhar crosta… Dois residentes foram ter com Óscar a Mysen, tentando convence-lo a voltar, coisa que não aconteceu. Este embarcou num comboio para Oslo, e os mesmos residentes foram consigo, numa última tentativa. Uma vez em Oslo ligaram-nos, dizendo o que se estava a passar. Instruímo-los a dar uma última oportunidade de retorno a Óscar e, caso recusasse, para voltarem. Quando chegaram, depois do almoço, tínhamos, entre o Staff, combinado arranjar uma reunião de 5 minutos onde ambos os residentes que foram atrás de Óscar explicariam ao grupo o que se tinha passado, sendo que ninguém melhor que eles, que foram até Oslo com o desistente, o saberia fazer. Assim, reunimo-nos na sala de estar, disse ao grupo que, como sabiam, algo se tinha passado, e que Miguel e Vander explicariam melhor os pormenores da desistência, e de seguida voltariam às suas tarefas normais.

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Há muito mais a dizer, e realmente o escrevi, mas faz parte daqueles parágrafos que realço a amarelo e apago antes de publicar no blog. Quem sabe um dia num livro. Por acaso há pouco pensava que, com tantas VIDAS, e mesmo com a minha própria, vou construindo algo dentro de mim que um dia, quem sabe, me permitirá escrever um bom livro sobre recuperação. Não científico ou documental, mas de diferentes experiências de VIDA.

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Sobre o dia. Gostei. Gostei da maneira como Th me desafiou, sem ser aquele tipo de palmadinhas nas costas, mas o tipo mais ou menos pressionante, duma forma positiva, caso aguentemos a pressão. Claro que não estou a dizer que me encostou à parede propriamente, mas não era tão compreensivo como, por exemplo, Tr. Volto a dizer que não é nada que me desagrade. São abordagens diferentes, simplesmente. Da mesma forma que, se com Tr tenho grandes conversas/reflexões, com Th tenho grandes conversas/discussões. Do tipo em que no final, das poucas coisas em que concordamos é em que não concordamos. Mas numa boa onda. E isto mais no que se refere ao trabalho, e diferentes abordagens.

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Th disse, no final, que com o passar das horas ia entrando melhor no ritmo, e que no final já estava a ir bem. Disse que amanhã deixar-me-á ainda mais entregue a mim próprio, sendo como uma pequena mosca num canto… Tudo bem. Disse que acha que, “com o meu cérebro, em dois dias faço tudo perfeitamente”. É certo que não nego que me considero inteligente, mas isto são palavras dele, não tenho nada a ver com isso, hehe.

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Ontem à noite percebi que os residentes estavam num momento informal na sala de estar, a ver televisão. A eles me juntei, e o programa era “How To Look Good Naked”. Tratava desta senhora britânica (o programa era inglês) que se considerava gorda (e era) e estava com a versão inglesa do José Castelo-Gay a tratar do assunto. A dada altura esta senhora está de roupa interior branca, rodeada de outras senhoras, igualmente gordas, de roupa interior negra, e estão ordenadas… por ordem de diâmetro de barriga. O Joseph White Castle pede à senhora para se posicionar onde achava que pertencia. Esta, como o gajo antecipara, coloca-se numa posição onde estavam pessoas mais gordas do que ela realmente era, e ele diz-lhe que, como ele imaginava, ela tinha-se enganado, e tinha de se sentir feliz, porque pertencia não sei quantas “casas” abaixo e não sei quê. Bem, isto é apenas uma tentativa duma rápida explicação, mas chocou-me a maneira como as outras, porque não eram as estrelas do programa, eram usadas como ferramentas, e eles ali mesmo à frente delas, envergando as suas camadas adiposas, a dizer o quão feliz a senhora se devia sentir porque não era assim tão gorda. Enfim… depois escolheu uma e puseram-se a apertar a gordura e a perguntar como sentiam. Moralidade balofa, estúpida, talvez apenas na cabeça dos produtores, dos intervenientes, e das pobres almas que não têm coisas mais interessantes para ver/fazer. Agora que penso nisso, os residentes estavam a ver aquilo… mas ok, não vou deixar de criticar porque os “meus” residentes estavam a ver…

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Bem, vou correr, procurar algumas oportunidades mundo fora, e fazer o que calhar…

1 comentário:

Kispo disse...

entao fió ta td? fiz um blog... :D nada de jeito * beijinhos