quarta-feira, 16 de abril de 2008

Mysen, 16 Abril 2008

O Nando faz anos.

Hoje acordei com a típica vontade destes últimos tempos de ficar na cama mais umas horas. Bem, acho que a vontade de quem acorda às sete e meia, é sempre de ficar na cama mais umas horas, mas isto vem na sequência da dificuldade que tenho tido em adormecer… Depois do banho tomado e de me vestir, tive a reunião matinal, seguida da reunião de equipa. Tudo normal, mas como era Quarta-Feira, tivemos também a reunião com os líderes das diferentes secções de trabalho. Estas são: Expedição, Cozinha, Exterior, Interior. A reunião versou a mudança de estrutura que se avizinha. Mais ou menos a cada seis semanas há uma mudança, em que há promoções, despromoções, mudanças de secção. Um residente que siga um percurso normal começa como trabalhador normal; algum tempo depois passa a assistente do líder de trabalho; seguidamente é líder de trabalho; e finalmente, acaba a Fase 1 novamente como um trabalhador normal, não tendo que se preocupar tanto com todos os detalhes da sua secção. Isto não é linear, não tem de ser exactamente assim. De acordo com o comportamento da pessoa, esta pode, também, ser despromovida de assistente, como aconteceu com Tiago, para trabalhador, sem isto ter que ver com as mudanças globais de estrutura.

Depois da reunião com os líderes de trabalho, reunimo-nos em equipa, discutindo quem iria para onde. Está tudo bem, a casa está estabilizada, e já voltei àquela boa altura em que não imagino ninguém a desistir. Eu penso sempre que toda a gente se vai safar, como já disse aqui. Isso faz com que, quando isso não acontece, custe mais, mas também faz com que se olhe com esperança para cada residente, e isso terá o seu efeito terapêutico. Depois do almoço participei numa reunião de objectivos. Reunimo-nos na sala de estar, sentados no sofá, 7 residentes, eu e T. Irina. Cada residente, à vez à vez, pega na sua folha, pensa em conjunto com os colegas num objectivo em específico para a próxima semana, e escreve-o no campo para isso destinado. De seguida escreve o que vai fazer para alcançar esse objectivo, e três maneiras em que a satisfação desse desejo o pode ajudar. A título de exemplo posso dizer alguns como: objectivo – reconstruir uma rede social; como – ligar a um amigo que não esteja relacionado com drogas; como me vai ajudar – perceber que a VIDA é mais que drogas, é possível ser feliz sem as mesmas; não me sentir tão só; etc.

Foi um dia preenchido, agora que penso que já são quase dez horas… Tive ainda cerca de uma hora a conversar com Ricardo, que tem o hábito, como falamos, de se pôr um pouco numa posição de vítima, e de não confiar no que lhe dizem. Coisas assim… ele apareceu no meu escritório quando eu falava com o orientador, com a desculpa que me podia explicar o que se tinha passado na reunião anterior, quando prontamente começou a falar dele e do dia anterior (ele fora o “alvo” no Contact Group).

Ontem comecei uma estória que tem tudo para ser a irmã da Mulher do Hospital, no Estórias em Vão. Não por ser parecida, ou relacionada, mas porque quero, no meu próximo livro, ter, como no anterior, além de todas as pequenas estórias, uma maior a abrir. Na verdade escrevi todo o esqueleto, ao longo de 12 episódios, tal como a Mulher do Hospital. Estou agora a dar-lhe um bocadinho de carne e substância. Tem momentos fortes e delicados ao mesmo tempo, e um desfecho interessante. Gostei, acho… A ver vamos.

Hoje tinha pensado em não ir correr. Todavia, o céu azul e a amena (8 graus) temperatura fez-me mudar de ideias. Lá fui, pelo mesmo caminho de sempre, pensando em diferentes coisas como sempre. Quando chego faço sempre uns dez minutos de alongamentos, e aponto no chão o quanto consigo abrir as pernas. Pois tenho a dizer que desde que comecei a tentar fazer a espargata já evolui cerca de meio palmo! Bem, vou-me…

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