terça-feira, 15 de abril de 2008

Mysen, 15 Abril 2008

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Estou com sono. Ontem estava já com sono, porém, ao tentar dormir, apesar de pensar que adormeceria como uma princesa cansada, demorei, sei lá, talvez quase uma hora… Ando a tentar descobrir estas espécies de insónias que por vezes me dão. Serão de acordo com as mudanças de estação?...

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Pois passou o fim-de-semana… Foi um fim-de-semana diferente. Sexta-feira começaram a chegar as famílias dos residentes. Seria o fim-de-semana informativo, onde seriam explicados, através de uma série de palestras, aspectos como o funcionamento do programa, e o que fazer, como viver com alguém recentemente recuperado de uma dependência. Não participei em nenhuma destas palestras. Além do óbvio facto de ser em norueguês, era apenas para os pais, sendo que os residentes estavam, nesses momentos, a trabalhar como se dum fim-de-semana normal se tratasse. Claro que eu, como parte da equipa, poderia muito bem participar mas, para dizer a verdade, não me apetecia. Já sei mais do que concerteza seria explicado em algumas horas de palestra, palestra essa que eu não compreenderia. Nos momentos em que tal não acontecia, os residentes aproveitavam o tempo para pôr as coisas em dia com os seus familiares.

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Tinha planeado escrever muito mas, sinceramente, não escrevi nada o fim-de-semana todo. Alerta! Ok, nada para preocupar. É que fiz o download de dois filmes que ocuparam os meus serões quando já no quarto (onde escrevo). Na Sexta vi o Scanner Darkly, muito porreiro, diferente, e com algumas cenas em particular, deliciosas. No Sábado vi o Donnie Darko, também muito porreiro e estranho. O que não percebi foi o porquê de algumas pessoas me terem dito que não percebiam o filme. Quer dizer… agora que penso nisso, posso pensar no que (não) tenham pensado, mas…

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Passei todo o Domingo a trabalhar na investigação que fizemos, ou estamos a fazer a nível de qualidade do tratamento. Posso revelar um pormenor, pois é óbvio. O item que teve uma pior apreciação por parte dos residentes está relacionado com a privacidade. Pois aqui é difícil, sim senhor… Não sei se já falei disto aqui, creio que sim. T.Elba noutro dia disse-me que podiam contratar, eventualmente, três novas pessoas, e que eu poderia ser uma delas. Na altura não me manifestei muito entusiástico. Mas hoje disse-me que já tinham saído os resultados do concurso, e que esta CT tinha sido uma das que tinha justificado a contratação de novas pessoas. Resultado: é oficial que vai acontecer. Agora aquilo em que fiquei a pensar foi se devo, ou não dizer: “Como é que é? Fico?” – para já, vale a pena dizer que, claro, não depende de mim, e quem sabe o domínio da língua é mais necessário do que se pensa… mas ainda assim, a pequena parte que de mim poderia depender permanece indecisa. Uma coisa é certa. A ficar, ainda que para ficar na investigação, apenas ficaria se tivesse planeado continuar em contacto com os residentes, participar nos grupos, etc. Confesso que até retiro algum prazer dessas coisas da investigação, mas mais retiro do contacto com as pessoas, e não só por isto, mas pelo simples facto de não querer “perder ritmo”, seria uma condição. Salvo caso o acordado fosse uma estadia de curta duração. Imaginemos, Setembro-Dezembro. Não estava mal. Mas duvido.

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Hoje de manhã tive o Contact-Group, aquelas sessões onde o pessoal desata aos berros com alguém. Foi porreiro. Além de ir percebendo mais e mais norueguês, esta é a reunião em que mais retiro apenas pela linguagem corporal. Porque será não é? Hum… pode-se dizer linguagem corporal quando me refiro ao facto de gritarem?

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