sábado, 26 de janeiro de 2008

Memórias

Mysen, Sábado, 26 Janeiro 2008

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Estou tão pensativo hoje. Não me apetece fazer nada. Não por preguiça, mas porque me apetece pensar em sossego. Sinto algo que não costumo sentir, e isso é bom. Melhor ainda, ou mais desafiador, é o facto de eu não saber, ou não estar a conseguir, definir o que realmente sinto. Ouço a mesma música vezes sem conta. Não me farto. Não sei se será por ele começar a mesma dizendo que se fosse novo, deixaria a sua terra, e por eu estar, efectivamente, longe. Oh, tenho pena. Gostava de escrever melhor do que realmente consigo, para conseguir explicar o que vai dentro de mim. É curioso, pois não é a primeira vez que estou longe, mas o sentimento é diferente. Tento olhar para mim a cada instante, como se estivesse uma câmara num qualquer canto que me tivesse a mim próprio como operador, quem sabe num sentimento de tentar gravar algo que, com toda a certeza, recordarei para sempre. Apenas temos um primeiro dia uma vez. Bem verdade. Aparte dos clichés abusados de que todos os dias são especiais, se formos obrigados a escolher um sem saber o que o futuro trás, talvez escolhamos o primeiro. E tantas vezes, quando já tudo aconteceu, achamos sempre que não estávamos presentes o suficiente nestes momentos. A memória vai-se deturpando com o tempo, as imagens vão sendo substituídas por outras, mais novas, e fica apenas um sentimento de algo que foi bom, ou mau, mas já passou.

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Mas, de qualquer maneira, assim tudo se passa na VIDA.

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Talvez por saber isso, que efectivamente tudo passa na VIDA, esteja a sentir, neste instante, essa necessidade de estar realmente dentro de mim enquanto os segundos passam. Quero habitar-me. Quero estar dentro de mim, sentir, olhar para mim e saber que existo, e que sinto. Isso deixa-me feliz.

1 comentário:

Anónimo disse...

Mesmo achando que não estavas a conseguir definir o que sentias, fizeste-o e de uma maneira tão presente... quando comecei a ler pensei: o que ele está a sentir é "o que estou eu aqui a fazer" misturado com uma vontade de Fazer Nada, uma apatia que petrifica... mas ao continuar percebo que talvez não... talvez esse sentimento fosse muito além destes... muito mais puros, cheios e intensos! Amt