quinta-feira, 15 de maio de 2008

Mysen, 15 Maio 2008

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Tenho vindo a descobrir o que este período na Noruega vai significar para mim a nível interno. O que vou ganhar. Se sempre me considerei alguém aberto, sei que ter estado um ano na Finlândia, com pessoas de todos os géneros, voltei uma pessoa ainda mais aberta, respeitadora. Adquiri a filosofia do “é a cena dele”, que é bastante simples… Se alguém é de determinada maneira, gosta de determinadas coisas… é a cena dele. Desde que a sua cena não interfira com a minha ou com outros, é a cena dele, para quê criticar, julgar?...

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Da mesma forma, sempre me considerei alguém em contacto com os seus sentimentos. Sempre gostei de sentir, e sempre o fiz com algum sucesso, sendo, felizmente, a maioria desses sentimentos agradáveis. Porém, estar aqui, enfrentar uma solidão que em dadas alturas se faz sentir, faz-me estar ainda mais em contacto comigo mesmo. Não tendo tanta gente assim com que me abrir sempre que quero, sempre que me apetece, isso faz-me olhar ainda mais para dentro, e perceber o que por aqui vai… E sim, é verdade que tenho sentido alguns sentimentos menos positivos, mas são apenas aprendizagens, um tomar consciência do que existe, sabendo que não é nada dramático. Por exemplo, nestes últimos dias tenho-me sentido cansado, isolado, e por vezes a sensação de ver minutos a escorrer da minha existência, em vão. Falo dos momentos em que o horário de trabalho acaba, e passo as horas no meu escritório. Posso estar com os residentes, mas estão muitas vezes a trabalhar, muitas vezes a ver televisão, e sinto igualmente que, depois de um dia inteiro a conviver em Norueguês, a ouvir Norueguês, não me apetece olhar para um ecrã que me fala nessa mesma língua. De certa forma é como se entregasse todo o meu dia à Comunidade até às 17h, e depois queira entregar algum a mim mesmo. Porém, o eu mesmo acaba por ser só eu. Ao escrever isto penso se estarei a explicar bem, mas penso de seguida que o que interessa é que eu o perceba… o facto de publicar no blog é apenas uma consequência da escrita, não sendo esta a consequência dum desejo de partilha na internet… portanto…

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Assim, digo, basicamente, que sinto por vezes um leve desespero de não saber o que fazer, de ver os dias a passar uns atrás dos outros. Já não me preocupo com a minha utilidade aqui, esse é um obstáculo já ultrapassado. Tive, algumas vezes, essa crise que era a necessidade de me sentir útil… porém já descobri como o ser com eficácia, conjugando isso com a minha aprendizagem do sistema, com outros momentos bem passados. Todavia, ultrapassado esse obstáculo, outros vão surgindo, e por isso nomeio o contacto com essas sensações menos agradáveis como aprendizagens. O desespero, enquanto leve, nada mais é que um motor, como algo que nos orienta ara acção e descoberta. O desespero, enquanto grave, é algo que raramente na minha VIDA tive o desprazer de conhecer, devido a contingências naturais da minha maneira de ser, que expulsam esses sentimentos, conscientes da falta de necessidade que há em os ter.

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Comprei hoje a minha viagem para Birmingham. Vou dia 21 de Junho, Sábado, e volto dia 24, Terça. As viagens ficaram, no total, por dez euros, mas tive de dar quase outros dez só pela taxa do cartão de crédito!

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Amanhã é fim-de-semana, e será benvindo!

1 comentário:

Anónimo disse...

Eh meu, parece q estou a topar com alguem um pouco diferente ... pensativo, solitario, saudoso, que e isso meu, tens tido vivencias q poucos poderão alguma vez ter. Invejo a tua vida tão preenchida, tanta aventura !